BrookHaven - S01E08 - All Things Must Pass


Frio.
Calor.
Medo.
Angústia.
Perda.

Sentimentos que vem e vão numa passagem rápida de segundos, alternando-se entre si. Minha queda no calçamento faz com que eu fique mais zonza do que já estava. A garota de branco inclina-se e o sangue de seus olhos pinga no meu pescoço, o frio tomando conta, o líquido nos conectando. Está na hora de partir.
— Demetria, deixe-a em paz!
Uma luz branca espairece na escuridão, e ao invés de frio, agora sinto um calor no meu corpo, uma temperatura ambiente. Ao invés de medo, coragem. Ao invés de angústia, felicidade. É como se a alegria invadisse BrookHaven para eliminar os maus aqui existentes, mas não dura muito. Em questão de segundos, a luz se esvai, e a menininha loira está parada diante de mim.
— Quem é você, afinal? – Pergunto.
— Meu nome é Marion. Marion Campbell.
— Campbell? – O nome me parece familiar. – Por quê? Por que você está me ajudando?
— Diferente dos outros espíritos, eu não quero vingança.
— E o que você quer?
— Paz. – Marion fala com um pesar na voz – Vamos, tenho que tirá-la daqui.
Marion começa a correr e por conta de sua luz espiritual, eu a acompanho sem dificuldades. Chegamos num hospital velho, totalmente destruído, mas vai dar para me abrigar por hoje.
Guiada pelo espírito, entro num quarto e dou de cara com Ashley numa maca. Meu espanto é enorme, e ao virar-me de costas, Marion já não está mais lá. Viro para frente novamente e encaro minha amiga ali, deitada, completamente machucada. Uma onda de ódio percorre meu corpo inteiro e tudo o que eu tenho vontade de fazer agora, é acabar com a raça daqueles fantasmas hostis.
— Oi... Sua ferida... Sumiu. – Diz Ashley, apontando para minha cintura.


— O quê? – Indago.
Olho para minha cintura e não vejo mais nenhuma ferida lá. Provavelmente, Marion me curou lá na caverna e eu não percebi. As coisas estão ficando tão malucas, que se eu visse um dinossauro andando por BrookHaven, provavelmente daria bom dia.
— Como você veio parar aqui? – Pergunto.
— Honestamente, eu não tenho a mínima ideia. Num minuto, eu estava no rio procurando por você, e no outro, eu estava aqui. O que está acontecendo?
— BrookHaven é assombrado. Todos estão morrendo, Ashley. Desde que estávamos voltando do colégio com meu irmão naquele dia, eu tenho visto coisas estranhas. Constantemente vejo uma menina branca, com os olhos sangrando e seu cabelo preto, com um sorriso maligno no rosto, como se fosse me matar. Eu vi esta menina no acidente de carro do Stuart, no meu quarto, no acidente de carro do Peter, e desde então tenho visto ela várias vezes. Mas há outro espírito aqui. Um espírito bom.
— Hm.
— O nome dela é Marion. Ela é loira e de olhos azuis, sempre me salvou quando eu estive em perigo aqui em BrookHaven.
— Vamos sair daqui.
— Você consegue andar?
— Sim. Mas vamos aproveitar para passar a noite aqui, de manhãzinha cedo nós partimos.
— Feito.
Saio do quarto para procurar outra maca, para que eu possa dormir. Caminho pelos corredores sombrios do hospital, por entre as paredes amareladas tombadas no chão, a iluminação destruída, a fiação exposta, os cadáveres pelo caminho, e dou de cara com Demetria.
Um sorriso psicopata preenche seu rosto de ponta a ponta, o sangue de seus olhos começa a escorrer rapidamente por cima de sua roupa branca. Sua pele clara agora vai tomando um tom esverdeado e ela fica coberta de musgo.
Apoio minha mão na parede, mas uma parte dela desmancha e eu caio no cômodo interior. Caio sentada e começo a rastejar para trás enquanto os passos de Demetria deixam o clima do lugar semelhante ao pólo norte.
Oro para que Deus me salve. A esta altura, é tudo o que me resta fazer. Minha vida inteira passa diante de meus olhos. Lembro de toda a minha vida e me pergunto onde foi que eu errei. Eis a resposta, eu tomei o caminho errado outro dia. Eu fui à biblioteca, eu escavei o passado macabro que a décadas estava escondido. Eu causei isto, eu sou a culpada.
Eu mereço morrer.

PRODUZIDO POR
UNBROKEN PRODUCTIONS

ESCRITO POR
W. H. PIMENTEL

UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES

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Por: Rafael Galvão