— Graças a Deus que vocês estão bem, eu estava muito preocupada.
— Oi mãe. – Digo, e emito um gemido por causa da dor do álcool limpando meu ferimento.
— O que aconteceu com a Cassandra?
— Um estilhaço de vidro perfurou o estômago dela. Já fizemos a cirurgia, ela ficará bem. – Diz a enfermeira.
Minha mãe passa a mão no cabelo de Stuart e pega o telefone para ligar para meu pai. Peter e Rick chegam praticamente na mesma hora, mas não chegam juntos. Todos os dois parecem agoniados, mas apenas Rick vem falar comigo.
— Eu não vou vir aqui e perguntar se está tudo bem porque claramente não está, mas eu acho que você precisa de um pouco de adrenalina.
— Mais? Já não basta? – Exclamo.
— Não. – Rick abre um sorriso pequeno – Eu quis dizer uma coisa entre amigos. Nós estamos indo para BrookHaven.
— Isso é loucura, nós nem sabemos onde fica. – Digo, enquanto olho atentamente para seus olhos azuis.
— De qualquer forma, temos que fazer um trabalho sobre isto. Nós vamos levar a câmera para a viagem, se ainda existir alguma coisa lá, nós gravaremos um mini-filme de terror.
— Então eu quase morro e vocês querem fazer um filme de terror? Típico.
Tive que dormir no hospital devido aos ferimentos, embora eu possa andar tranquilamente pelas dependências. Ashley, Rick e Peter já foram para suas casas e eu continuo aqui. Meu irmão está dormindo e minha mãe deve estar na cafeteria. Preciso andar um pouco, esfriar a cabeça de tudo isso.
Meus pés encostam-se no chão gelado e uma onda de calafrios percorre o meu corpo. Ao decorrer dos meus passos, meu corpo acostuma-se com a temperatura fria. Passo alguns corredores com luzes fracas até chegar a uma sala com a iluminação defeituosa.
A luz amarelada pisca, várias e várias vezes, em intervalos tão rápidos que mal dá para perceber que ela está falhando. Sinto um ar pesado neste cômodo. Algo não está certo. Alguma coisa horrível deve ter acontecido aqui. Como estou num hospital, aceito a teoria de que provavelmente algum paciente morreu aqui, e continuo andando. Uma mão encosta no meu ombro.
Meu corpo gela e é virado de lado.
— O que você está fazendo andando por aqui sozinha?
— Stuart! Você quase me matou de medo!
— Dei por falta de você no quarto. Nunca mais me assuste desse jeito, fiquei preocupado.
— Está bem.
Stuart me conduz de volta ao quarto.
Recebi alta do hospital e fui liberada às cinco da manhã. Aproveitei minha ida até em casa para arrumar uma mochila para viagem, já que não sei por quanto tempo sairemos para BrookHaven. Subo as escadas para o meu quarto e um objeto retangular chama a minha atenção.
— Mas que diabos...
Deixo a minha bolsa cair no chão, quebrando algum objeto e fazendo um estalo. Ashley e Rick sobem para o quarto no intuito de saber o que houve, e eu aponto para a minha cama, na direção do livro BrookHaven.
— Ah, você viu. Eu deixei aí em cima para fazer uma surpresa para você. – Diz Rick, num tom comum.
— Onde você achou isto?
— Na estrada, antes de vir para o hospital. Ainda está chamuscado, mas a maior parte do livro está intacta. Achei que talvez tivesse alguma informação sobre BrookHaven.
— Então vamos dar uma olhada! – Diz Ashley, ansiosa.
Pego a minha bolsa no chão enquanto Rick e Amanda dão uma olhada no livro. Para a minha surpresa, não há nada quebrado dentro da bolsa. Olho à frente e vejo uma garota totalmente branca, sem a pupila dos olhos, com a boca manchada de sangue e um vestido preto. Ela estende a mão e o espelho quebra. Grito.
— O que houve?
— Ah... Nada. Besteira minha.
A imagem apareceu por uma fração de segundos e minha mente tende a acreditar que foi coisa apenas da minha imaginação. O espelho continua intacto. Não entendi muito bem o que aconteceu aqui, mas não deve ter sido real.
— Achei. – Diz Rick.
— Ao extremo sudeste do Arizona, seguindo direto pela velha estrada. – Ashley lê.
O carro está devagar. Estou no banco do passageiro desta vez, enquanto Rick dirige. Ashley e Peter encontram-se no banco de trás, de mãos dadas. Paramos na casa dos gêmeos e aguardamos que Albert e Christina entrem no carro.
Os dois chegam e colocam suas coisas no porta-malas. Albert me cumprimenta e aparenta estar preocupado com o meu estado, após o acidente. Christina está conversando com Ashley sobre o quão ansiosa ela está para conhecer BrookHaven.
Quatro horas de viagem. Minha visão já está pesada e o frio está muito grande. Há névoa por todo o caminho e é praticamente impossível enxergar algo à nossa frente. Os faróis do carro ajudam um pouco na iluminação, mas não tanto assim. Já está escurecendo – talvez por causa do clima –, mas ainda são cinco da tarde.
— Que placa é aquela? – Pergunta Christina, apontando para uma placa verde totalmente enferrujada.
— Bem vindo à... – Diz Rick, com os olhos semicerrados.
— BrookHaven. – Completo.
PRODUZIDO POR
UNBROKEN PRODUCTIONS
ESCRITO POR
W. H. PIMENTEL
UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES
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