O carro ultrapassa a placa verde enferrujada que nos deu boas vindas à BrookHaven. O livro está no meu colo e eu abro-o para me distrair um pouco. De acordo com este livro, BrookHaven foi extinta durante um terremoto na época da segunda guerra mundial e não há registro de cidadãos que tenham saído vivos deste local. Ninguém ouviu falar do estado desde então, o que levou historiadores a acreditarem que o estado poderia estar submerso.
O carro para. Ouço Rick tirando e colocando a chave mais de uma vez e o carro rangendo. Nós seis descemos do carro e entramos em contato com o ar frio e pesado.
— O que houve com o carro? – Pergunto.
— Não sei, deve ser algum problema de bateria ou coisa parecida.
— Ai droga! Meu salto quebrou!
— Pode pegar um dos meus, Christina. – Diz Ashley, olhando de relance para Christina.
Passo as minhas mãos por cima dos meus braços, tentando me aquecer. Peter e Ashley estão abraçados e afasto-me, para dar um tempo aos pombinhos. Rick abre o capô do carro e com a ajuda de Albert e Christina – de dentro do carro –, tentam reanimá-lo. Vejo o ar saindo da minha boca e já está tão escuro que mal consigo enxergar um palmo na minha frente. Acho melhor pegar as lanternas no carro.
— Idiotas! – Grita Christina – O carro está sem gasolina!
Uma onda de risadas toma conta do ambiente, e a calmaria faz com que o som se propague por muito tempo. Peter e Amanda vão para dentro do carro enquanto Rick e Albert me chamam para conversar.
— O que foi? – Pergunto.
— Nós temos duas escolhas. Podemos entrar no estado e procurar por gasolina para o carro e depois irmos embora ou podemos ficar aqui até amanhecer.
— Vamos acabar logo com isso. – Digo, e acendo minha lanterna. Albert e Rick fazem o mesmo. Christina resolve nos acompanhar.
Não demora muito até que percamos o carro de vista, a névoa e a escuridão não estão ajudando em nada aqui. De repente, a névoa some, e algumas luzes são visíveis. Parece que nem todo o estado ficou abandonado.
Passamos por algumas casas, todas elas cheias de sujeira ou desabadas, postes retorcidos, carros destruídos, e tenho a impressão de ter visto algum corpo pelas ruas.
— Visão noturna, ativada.
— Para quê você quer visão noturna, Christina?
— Nós viemos aqui gravar um filme e é isso que nós vamos fazer Rick.
— Cadê o Albert? – Pergunto.
Nós três olhamos ao nosso redor. Albert sumiu, ou então está longe do nosso alcance. Gritamos o seu nome por um tempo, mas tudo o que conseguimos ouvir são corujas e o barulho de alguns morcegos voando próximo a nós.
Depois de um longo tempo parados, ouço o som de passos se aproximando atrás de nós. Viro, por reflexo, e coloco a lanterna vem no rosto de Peter e Amanda.
— Viram o Albert por aí? – Christina pergunta.
— Não. Ele não estava com vocês?
— Estava, mas deve ter se perdido. Vamos, deve haver algum posto de gasolina aqui perto.
Pego o meu celular para ligar para a minha mãe. O numero chama por algumas vezes e dá ocupado. Digito o número do meu irmão Stuart, mas o sinal do celular começa a falhar e não completa a ligação. São sete da noite e nada de Albert. Onde diabos ele se meteu?
— Ouviram isso?
— O que foi Christina?
— Um choro de criança, veio dali. – Christina aponta com a lanterna para uma biblioteca mal acabada, sem nem ao menos uma porta.
— O que você está fazendo, Christina?! – Falo, enquanto ela desaparece para dentro da biblioteca.
Seguimos Christina. Entramos na biblioteca, mas não a encontramos. A biblioteca é extensa, então ela deve ter seguido um rumo diferente. Rick e eu vamos por um lado enquanto Amanda e Peter vão por outro. Não dá para ouvir outra coisa a não ser o barulho dos nossos pés no assoalho velho de madeira, parcialmente consumida pelos cupins.
— Para onde ela foi? – Rick pergunta.
Ouço um grito. Depois outro e depois outro grito. Três gritos sequenciais. Três gritos diferentes. Corremos em direção à propagação do som, que conforme chegamos perto, faz com que o eco fique mais baixo. Tropeço e caio.
Vejo os pés de Rick correndo enquanto tento me levantar. Algo segura o meu pé e começa a puxar-me para trás. Começo a gritar também. Sinto uma mão gelada arrastando-me e debato-me no chão, até que consigo me livrar.
— Rick?! – Grito.
— Aqui! – Não ouço Rick, e sim seu eco, eu continuo andando.
Finalmente encontro Ashley, Peter e Rick e... Christina.
— Ai Meu Deus! – Grito.
Christina está morta e... Tenho a impressão de ouvir a voz de uma criança dizendo que Deus não vai me ajudar aqui.
PRODUZIDO POR
UNBROKEN PRODUCTIONS
ESCRITO POR
W. H. PIMENTEL
UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES
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