— Vocês ouviram isso?! – Pergunto.
Olho de volta para Christina e a vejo se levantar, e vejo Ashley e Peter caindo na gargalhada. Albert sai dos fundos com uma câmera. Christina começa a limpar sua roupa empoeirada e começa a zombar de mim.
— Isso não teve graça! – Exclamo.
— Ah, qual é Ashley, foi um pouco engraçado sim. – Diz Ashley.
— Eu não achei. Quer saber, eu vou embora daqui. Vou ligar para a polícia e pedir para mandarem o reboque para cá.
Pego o meu celular no meu bolso e saio de lá para procurar alguma rede. Não há sinal de celular por aqui. Mas também, como poderia existir sinal de celular aqui se o estado está abandonado desde a segunda guerra?
Tropeço em uma coisa mole e caio de cara no chão sujo. Sinto uma gosma no meu pé e um refluxo sobe pela minha garganta. Pisei nos restos de um cadáver.
Levanto-me e bato as mãos na calça para me limpar.
— Eca. – Digo baixinho.
Continuo andando pelas ruas de BrookHaven, mas não há muitas ruas ainda existentes. O estado é bem pequeno, mas quando se está a pé, parece não ter fim.
Passo pelos destroços de um hotel, à uma igreja abandonada e depois o que um dia já foi um restaurante. Ignoro tudo até que não sinto mais o chão.
Começo a escorregar e rolar na areia por vários metros. Perdi meu celular, está tudo rodando, não consigo mais pensar. A ladeira termina e ainda não sinto o solo. Caio dez metros até aterrissar num rio.
Grito por ajuda incessantemente. Não sei nadar, nunca soube, e este rio é fundo. Sinto que não durarei nada aqui, sinto que estou sendo puxada para baixo.
— Rick! Ashley! Socorro! Socorro, socorro!
Minha voz inicia sua perda de efeito quando engulo água. Sou puxada para baixo.
A água gelada faz com que meus membros tenham mais dificuldade para movimentar-se. Não consigo abrir os olhos e muito menos voltar para a superfície. Mexo as minhas mãos ao redor do meu corpo e sinto um objeto. Não sei o que é, mas me agarro a ele e, com a pouca força que consigo fazer com os braços, escalo o objeto. Era um galho, e ele me levará à superfície.
Saio da água e sinto as pedras na margem do rio. Vomito boa parte da quantidade de água que engoli e me sinto completamente nauseada. Olho para trás. Não há nenhum galho, e o rio é tão raso quanto à altura da minha perna. Algo muito estranho está acontecendo aqui.
— Amanda?!
Escuto a voz de Rick chamando por meu nome, mas não o vejo. Não estou vendo sequer a ladeira por onde eu caí.
— Aqui embaixo! Eu caí nessa ladeira! – Grito de volta.
— Que ladeira? – Rick pergunta.
Olho para trás. Rick está atrás de mim, olhando-me como se eu estivesse completamente louca. Viro meu rosto para frente novamente. Não há nada aqui a não ser uma parede totalmente amarelada e fedida.
— Mas...
— O que você está fazendo aqui? – Rick pergunta.
— Eu... Nada. Vamos embora.
Rick e eu voltamos pelo mesmo caminho que eu tomei. Não entendo, havia uma ladeira, havia um rio. Eu tenho certeza que quase morri, senti a água dentro dos meus pulmões. Não estou louca, tenho certeza de que não estou louca.
Chegamos de volta à biblioteca.
— Espere. – Digo.
Olho atentamente o chão por onde estou andando, mas a névoa atrapalha a minha visão, e mesmo assim, não há nenhum corpo aqui.
— O que houve?
— Nada. Busque os outros. Vamos embora daqui.
PRODUZIDO POR
UNBROKEN PRODUCTIONS
ESCRITO POR
W. H. PIMENTEL
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