Bloodlust - S01E03 - Tough Issues



Kath acordou numa floresta deserta. Estava deitada no chão e ao olhar para os lados, só via árvores, sem saber para onde ir. De repente, uma voz chamou seu nome. Era uma mulher, talvez a mesma que Kath vira antes de acordar neste lugar. Ela decidiu seguir a voz, que continuou guiando-a pela floresta, até que...
Em meio a tantas árvores, Kath finalmente encontrou um lugar com o qual era familiarizada, o Grosmann Cemetery, um dos principais cemitérios de Trumansfield e onde boa parte dos ancestrais de Kath estavam enterrados. Ela pensou consigo mesma como poderia ter chegado naquele lugar, e após olhar para todos os lados possíveis e ver nada mais que lápides – algumas com flores – ela viu a mesma e carbonizada mulher que vira antes no Clark's em sua frente. Kath assustou-se novamente.
– Olá, Kath. Temos muito o que conversar. – A mulher sussurou.
– Quem é você? Por que está me seguindo? E como você pode estar viva estando carbonizada? O que diabos está acontecendo aqui?! – Ela perguntou num tom de voz alto e assustada.
– Tantas perguntas, eu entendo você... Pra começar, eu estou morta. Posso me comunicar com você simplesmente por causa da sua pulseira. Esta pulseira já foi minha um dia, era o meu talismã, toda bruxa precisa de um.
– Espere um minuto, então você é tipo, minha parente? – Kath perguntou perplexa.
– Sim, meu nome é Laura Fisher. Enfim, pouco antes de morrer, eu realizei um feitiço para que quando eu morresse, meu espírito pudesse ir para a pulseira e eu pudesse me conectar com quem o usasse. Por isso você está falando comigo agora.
– Mas, espera um pouco. Agora eu tenho ainda mais perguntas. O que você quer de mim?
– Você precisa aceitar seus dons, Katherine. Você precisa aceitar que é uma bruxa e que tem um destino a cumprir. Você será muito importante na guerra que está por vir, e cabe a você salvar a humanidade.
– Olha, eu sou bartender de um restaurante super caipira e moro com a minha vó pois não posso me sustentar sozinha. Enquanto você fica falando sobre guerras e conspirações, eu tenho uma vida real com que me preocupar, e não posso sair dela simplesmente por que de repente a fantasminha Gasparzinho resolveu se comunicar comigo! – Kath respondeu ironicamente.
– Eu admiro o seu senso de humor, Kath. Mas o que está por vir, é real e cruel. Só você pode impedir isto.
– Supondo que eu ao menos escute o que você tem a dizer, como eu poderia ajudar a impedir este "perigo iminente"?
– Primeiramente, você precisará...
De repente, Kath acordou do que aparentemente era um sonho. Ela estava no escritório de Dennis. O mesmo a estava chamando, aparentemente há um bom tempo devido o seu tom de voz.
– Dennis, o que, o que aconteceu? – Ela perguntou abrindo os olhos.
– Eu é que pergunto, você estava dormindo sentada no chão! Está tudo bem com você? Pensei até que tinha desmaiado. – Ele respondeu enquanto ajudava-a a erguer-se.
– Eu estou bem, apenas estava cansada.
– Bom, você poderia ter me avisado pelo menos.
– Eu já disse que estou bem, Dennis. Posso voltar ao trabalho?
– Na verdade, Sarah parece bem exausta de trabalhar nas mesas hoje. Acho melhor ela continuar como bartender pelo resto do dia e você tirar uma folga, parece que está precisando.
– Eu não acredito que você vai me dispensar do serviço só por que eu tirei um cochilo!
– Primeiramente, eu me preocupo com você, e desde quando você não gosta de tirar folga?!
– Eu só, eu preciso me manter ocupada, Dennis.
– Vá pra casa e faça algo que te entretenha. Assista um filme ou algo assim. Mas não quero saber de mais reclamações, você vai tirar folga hoje. – Dennis disse apontando o dedo indicador para Kath enquanto saia de seu escritório.
Alguns minutos depois, Kath já tinha pego sua bolsa e organizado seus pertences para ir para casa. Mas antes, resolveu ir à cozinha falar com Dean.
– Oi, Dean. Eu preciso falar com você, é muito importante!
– Fala rápido, não posso deixar estas fritas sozinhas por muito tempo, elas têm a mania de ficarem queimadas quando eu saio.
– Pois é, falando nisso... Eu queria saber se você pode ficar com isto pra mim. – Kath tirou sua pulseira e a entregou para Dean.
– Não que eu não goste de uma pulseira diva como esta pra combinar com o resto das minhas bijuterias, mas por que você está me dando isso?
– Olha, não importa, tá? Você quer ou não?
– Claro que eu quero, desde que não seja roubada...
– Por que eu roubaria uma pulseira para dar pra você?
– Talvez você queira me incriminar para ficar com a herança da vovó um dia, nunca se sabe o que se passa na cabeça das pessoas. – Dean respondeu sarcasticamente.
– Acredite, se eu quisesse ficar com a herança da vovó, seria mais fácil te matar.
– Tanto faz, eu preciso voltar para a frente da frigideira. Te vejo depois.
– Tudo bem, tchau.
Enquanto isso, Kevin, ainda pensando em como pagar sua dívida com Dean, resolveu pedir ajuda à Melissa. Ele a viu atendendo um cliente, e a pediu que fosse com ele até o escritório de Dennis para os dois conversarem privadamente. Como de costume, Dennis não estava, então os dois tinham bastante privacidade.
– O que você quer, Kevin? Eu adoro quando você me tira do trabalho pra dar uns amassos, mas eu realmente preciso das minhas gorjetas de vez em quando.
– Não é isso. Eu preciso muito da sua ajuda. Comprei uma erva muito cara com o Dean e prometi pagar depois, mas agora não tenho o dinheiro e ele parecia bastante zangado. Eu adoraria se você me emprestasse a grana!
– Você realmente acha que eu tenho tanto dinheiro? E ainda mais pra pagar erva?! Sinto muito, querido, mas você vai ter que se virar desta vez. – Ela respondeu soltando risos.
– Eu pensei que nós estávamos namorando. Numa relação, você tem que fazer sacrifícios pelo seu parceiro. – Kevin disse segurando Melissa suavemente pelos quadris a fim de seduzi-la.
– Você pode chamar como quiser. Eu gosto muito de transar com você, mas quando se trata de dinheiro, você está por conta própria. Agora se me der licença, eu tenho que voltar ao trabalho. Quando sair mais tarde, eu recompenso você. – Melissa deu um beijo de língua em Kevin por alguns segundos, virou-se e saiu da sala.
Kevin estava extremamente irritado, não sabia mais a quem recorrer neste momento de desespero. Resolveu então pedir uma folga a Dennis e sair mais cedo do Clark's para tentar resolver este problema.
Algumas horas mais tarde, John chegou ao Clark's. Ele estava um pouco mais arrumado desta vez, ainda que de seu próprio jeito. Com uma postura elegante e um buquê de rosas vermelhas na mão, ele foi até uma das mesas do setor de Sarah.
Sarah ficou positivamente surpresa ao vê-lo, não esperava que ele voltasse tão cedo depois do assassinato de Diane noite passada. Ela, assim que o viu, logo tratou de ajeitar o cabelo e erguer os seios para ir atendê-lo.
– O que você vai querer hoje à noite? – Sarah perguntou com um sorriso fechado na tentativa de parecer indiferente.
– Você, não se lembra de mim?
– Claro que eu lembro, você é o John, da noite passada. Desculpe, é que eu fiquei meio nervosa, não queria que você pensasse que sou oferecida, ou algo assim. – Ela respondeu, ainda sorrindo e com as bochechas um pouco coradas.
– Eu nunca pensaria isto de você. Na verdade, eu esperava chama-la para sair comigo hoje à noite caso você não tenha outros planos.
Sarah ficou sem reação. Isto foi muito inesperado por ela, que não sabia o que dizer de tanta vergonha. Sarah nunca tinha sido chamada para sair antes.
– Nossa, eu nem sei o que dizer... Não tenho nenhum plano para mais tarde então, sim, claro, eu adoraria sair com você! – Sarah respondeu sem conseguir conter sua felicidade.
– Ótimo. – John disse com um sorriso fechado. – A que horas você sai do trabalho? – Ele completou.
– Geralmente eu saio à 00h30min. O Clark's fecha à 00h00min, mas eu tenho que ficar aqui para ajudar a limpar as mesas. Mas eu quase nunca falto o trabalho, com certeza o Dennis vai me deixar sair mais cedo. Eu peço para sair agora mesmo e já volto. – Sarah foi até o escritório de Dennis lentamente e com a postura intacta para esconder seu entusiasmo.
Porém, ao chegar ali, não o encontrou. Dennis estava levando sacos de lixo até a grande lixeira industrial que ficava do lado de fora dos fundos do restaurante. Sarah o encontrou lá.
– Oi, Dennis. Eu odeio pedir isso, mas como eu nunca peço, queria saber se você pode me deixar sair agora do trabalho. Eu prometo que faço hora extra amanhã.
– Pelo visto vou ter que conseguir novos funcionários, já que metade dos meus estão pedindo folga hoje... Vou deixar desta vez, pois eu sei que você se dedica muito ao trabalho. Mas chegue bem cedo amanhã para cobrir as horas perdidas de trabalho, pois esse restaurante não vai se manter apenas com a Melissa e o Jim atendendo os clientes.
– Muito obrigada mesmo, Dennis! Eu prometo que chego cedo amanhã! – Ela respondeu abraçando-o e entusiasmada. – Aliás, eu posso trocar de roupa no seu escritório em vez de no banheiro feminino? Por causa do...
– Claro, sem problemas.
– Obrigada, Dennis! – Sarah voltou ao restaurante e foi até o escritório de seu chefe.
Alguns minutos mais tarde, logo depois de ter trocado de roupa no banheiro feminino, Sarah foi até John novamente, que se levantou ao vê-la.
– Você está muito bonita. – John disse, ao vê-la com um vestido florido.
– Isto aqui? É só um trapo que eu gosto de usar, você por outro lado está muito elegante!
– Ah, que isso? Não é nada demais. Isto é pra você. – John sacou o buquê de rosas que tinha deixado escondido no sofá em que estava sentado.
– Nossa, são lindas! Muito obrigada, eu nem sei o que dizer. – Sarah respondeu sorrindo. Ela já tinha visto o buquê quando fora atendê-lo, mas assim como ele se mostrou um cavalheiro, ela se sentiu na necessidade de se mostrar uma dama.
– Nem precisa. Vamos? – John colocou a mão nas costas de Sarah e a conduziu até a porta do Clark's para que os dois saíssem.
Enquanto isso, Kevin chegou em sua caminhonete até um bar de motoqueiros a fim de apostar suas gorjetas no poker para conseguir dinheiro suficiente para pagar Dean.
O lugar se chamava "Rinley's Bar & Grill". Os clientes de lá eram na maioria motoqueiros hostis e mulheres promíscuas. Geralmente, Kevin gostaria de um lugar com mulheres assim, mas ao ver toda a hostilidade que as pessoas exalavam naquele lugar, logo viu que tinha que sair dali.
Porém, agora que já tinha entrado para apostar seu dinheiro, era muito tarde para simplesmente sair dali. Ainda mais considerando que todos os olhos naquele bar estavam voltados para ele. O encaravam da cabeça aos pés, claramente Kevin não se encaixava ali. Mas como fez durante toda a sua vida, apenas resolveu demonstrar confiança e fazer o planejado.
De repente, Kevin sentiu alguém dar um leve tapa em sua bunda.
– O que te traz aqui, docinho? Não costumo ver o seu tipo nesse lugar. – Disse um motoqueiro estranho.
Kevin assustou-se um pouco com a aparência do sujeito. Ele usava bandana, óculos escuros – mesmo estando de noite –, jaqueta de couro, botas de cowboy, era barbudo e estava mastigando um palito de dentes. Assim que sentiu o tapa inapropriado do motoqueiro, Kevin – que sempre foi muito impulsivo – viu que acabaria morto naquele lugar caso resolvesse começar uma briga, então resolveu conversar sensatamente.
– Eu só vim apostar. Vocês, costumam fazer isto aqui, certo? – Ele perguntou timidamente.
– Sim, fazemos. Mas apostar é para homens de verdade, homens que sabem jogar. Você não tem cara de quem aposta dinheiro, e nós não gostamos de gente "modinha" por aqui!
– Olha, cara. Eu só vim aqui pra apostar, não quero começar uma briga com você, ok? – Kevin disse tentando intimidar o motoqueiro e finalizar a conversa.
– Você é popular com as garotas, não é? Está acostumado a receber boquete todos os dias. Provavelmente era jogador profissional no colegial, sempre recebe as coisas quando quer. Mas deixe-me dizer uma coisa, garoto. Aqui não é o seu lugar, então se mande daqui antes que eu te force a chupar o meu pau! – O motoqueiro deu um "empurrão" em Kevin – que caiu sentado no chão – e virou-se.
Ao ver que todos estavam observando-o e rindo ao mesmo tempo, Kevin não teve outra opção, se não desafiar o tal sujeito e começar uma briga.
Kevin empurrou o motoqueiro, numa tentativa de iniciar uma luta no meio do bar. Mas como a maioria dos homens ali presentes também eram motoqueiros – e estes andavam sempre em grupo –, todos partiram para cima de Kevin e começaram a soca-lo e chuta-lo.
CONTINUA...

PRODUZIDO POR UNBROKEN PRODUCTIONS ESCRITO POR RAFAEL CRUZ UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES © 2015 Bloodlust – Todos os direitos reservados.

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Por: Rafael Galvão