Bloodlust - S01E06 - Grieving Is For The Weak




Kevin ficou chocado com a quantidade de sangue que cobria o chão da cozinha. Ver Darlene, a única familiar presente em sua vida, morta, o deixou sem reação. Kevin não sabia o que fazer.

Darlene estava com uma faca cravada em seu peito. Kevin ficou aterrorizado com aquela cena, e em um momento de desespero, resolveu tirar a faca do peito de sua avó e, logo depois, a jogou pro outro lado da cozinha.

Assim que se deu de conta do que tinha acontecido, Kevin ligou para a Trumans's Police Precinct, a única delegacia presente em Trumansfield.

Enquanto isso, John acabara de se alimentar dos garotos que trouxera para sua casa um pouco mais cedo. A fim de livrar-se do rastro das autoridades, ele fez o que fizera com todos os humanos dois quais se alimentou ao passar dos anos, os jogou no rio.

A casa de John localizava-se em meio a várias árvores. Cerca de dois quilômetros à esquerda de sua casa, ficava o Grosmann Cemetery, e a alguns metros à direita da mesma, o rio.
Inevitavelmente, sempre que drenava alguém, John lembrava-se da noite em que, há um século atrás, fora transformado em vampiro – segundo o próprio –, a noite em que perdeu sua humanidade.

FLASHBACK. Trumansfield, 1786.

Ainda humano, John era um homem muito simples, mas que vinha de uma família muito rica. Seu pai, Sor Harper Silverstone, a fim de aumentar as riquezas de sua família, planejava casar John com a filha de Landington McCalister, um homem muito rico. A filha de sor Landington, Sophie McCalister, era uma mulher muito elegante e refinada, quase tanto quanto rude e mimada, fazendo com que John – extremamente humilde na época – não se desse muito bem com ela. Entretanto, com o casamento arranjado, os dois não tinham muita escolha.

– Então, srta. McCalister, por que me trouxe ao seu quarto? O casamento é apenas amanhã. – John perguntou educadamente, tentando evitar demonstrar a repulsa que sentia por Sophie.

– Quer dizer que não posso convidar meu futuro marido para conversar privadamente? – Ela respondeu com outra pergunta, enquanto trancava a porta.

– Na verdade, você tem todo o direito. Só não lhe garanto que eu ficarei contente com isto.

– Qualquer homem mataria para estar no seu lugar, sabia? Eu tenho muito dinheiro, sou jovem e tenho uma beleza invejada por outras mulheres! Por que você não gosta de mim, John?

– Por que você é mimada e não dá valor às coisas. Você usa seus diamantes e vestidos chiques desfilando por aí, enquanto os serviçais dão suas vidas para que você viva confortavelmente. E você não dá a mínima para eles, apenas os despreza! – John respondeu, liberando toda a ira que sentia pela srta. McCalister.

– Não posso me desculpar por ter vindo de uma família rica. Você mesmo veio de uma e fala como se fosse um desses negros! Mas, quer saber? É exatamente isso que eu gosto em você, a humildade. – Ela respondeu, sorrindo. Em seguida, sentou de lado na cama e o convidou para sentar-se junto. John recusou a princípio, mas acabou cedendo. – Eu gosto de você, John, e não quero esperar mais nenhum segundo! – Sophie acrescentou.

Em seguida, Sophie beijou John à força e o segurou por alguns segundos, até que este afastou-a.

– Eu não posso fazer isto! Não podemos até a lua de mel.

– Ninguém vai saber, venha aqui.

– Não! Desculpe-me, mas eu preciso sair. Com licença. – Respondeu John, se retirando do quarto discretamente em seguida.

Logo mais, John encontrou-se com Lena Fisher, uma das serviçais dos McCalister. Os dois conheceram-se há alguns meses, logo após os Silverstone hospedarem-se na residência, e estavam tendo um caso desde então.

– Eu não quero mais esperar, John. Vamos casar hoje, agora mesmo! – Lena propôs, empolgada. Os dois planejavam casar-se e fugir há algum tempo.

– Mas está noite, não temos nenhum padre!

– Não precisamos de um, olha isto. – Lena tirou de seu bolso duas alianças e as mostrou para John. – 
Eram da minha avó, ficaram como herança. Não são chiques como a que você receberia da srta. McCalister, mas...

– Ei, eu amei as alianças. – John respondeu, sorrindo. – Venha, vamos para outro lugar, não é seguro aqui. – Ele acrescentou.

Em seguida, os dois foram juntos até a pedreira da cidade, um dos locais mais calmos de Trumansfield.

– Não é o lugar mais romântico, mas pelo menos é seguro. – John ressaltou.

– Eu adorei, o que importa é que vamos nos casar.

John ajoelhou-se para pedir a mão de sua amada em casamento.

– Lena Roscoe Fisher, você me daria a honra...

Mas antes que John pudesse completar sua proposta de casamento, alguém os interrompeu.

– Ora, ora. Isto não é um lindo momento? – Sophie perguntou ironicamente, interrompendo o momento de John e Lena.

– Sophie, eu... – John tentou se explicar.

– Nem se incomode, sr. Silverstone. O meu problema não é você, mas sim essa negra! Como você pôde escolher este pedaço de bosta ao invés de mim?! – Ela exclamou, furiosa.

– Eu a amo! Diferente de você, a quem eu desprezo!

– Pode ser daqui a um ano, ou daqui a um século, mas você vai me amar, John. – Sophie respondeu, sorrindo.

Em seguida, Sophie atacou, correndo numa velocidade sobre humana em direção à Lena, ela era uma vampira. Rapidamente, Sophie mostrou suas presas, assustando John e até mesmo à própria Lena – naquele momento apavorada –, e mordeu o pescoço da amada de John, sugando seu sangue por alguns segundos e jogando logo após o corpo no chão.

John entrou em desespero ao ver Lena sangrando no chão, inconsciente. Mas antes que pudesse expressar qualquer reação ou fazer qualquer movimento contra Sophie, esta mordeu-o no pescoço, 
John apagou.

Ao despertar de um profundo sono, John logo deduziu que Sophie era algum tipo de criatura demoníaca. Ele estava apavorado, pensou que iria morrer naquele instante. Quando se deu conta da realidade, John percebeu que estava deitado numa cama, a cama de Sophie. Ele rapidamente levantou-se dela.

– Olá, querido. – Disse Sophie, sentada numa cadeira em um canto escuro do quarto. John rapidamente virou-se para este canto. – Que bom que você despertou a tempo do nosso casamento!

– O que está acontecendo? Onde está ela?!

– Quem? A sua amante negra? Bom, eu precisei me alimentar dela, mas não se preocupe. – Logo em seguida, Sophie acendeu a luz do abajur ao lado da cadeira em que estava sentada. Ela estava com Lena em seu colo, coberta de sangue. – Eu guardei um pouco pra você. – Sophie acrescentou, sorrindo psicoticamente. John desesperou-se novamente.

– Oh, meu Deus! – John respondeu à ação de Sophie, ajoelhando-se desesperado no chão, chorando.

– Não se preocupe, querido. Você pode pegá-la, deve estar com muita fome agora que acabou de 
voltar dos mortos. – Sophie respondeu, após levantar-se e aproximar o corpo de Lena ao de John.

– O que? Como assim, voltei dos mortos?! – John perguntou, chocado e ao mesmo tempo aterrorizado.

– Bom, primeiro eu te matei. Logo depois, dei meu sangue a você e agora, mais ou menos um dia inteiro depois, você despertou como um de nós. – Sophie respondeu, com sua felicidade aparentemente aumentando cada vez mais.

– Você é alguma espécie de demônio?

– Não, bobinho. Sou uma vampira, depois do casamento eu te explico melhor, mas agora você precisa se alimentar. As pessoas lá embaixo estão esperando por nós.

Em seguida, Sophie colocou o corpo de Lena ainda mais próximo a John – mais especificamente, de sua boca –, para que ele bebesse o sangue que escorria do pescoço da serviçal. De repente, Lena despertou de seu desmaio, extremamente assustada. John ficou ainda mais relutante em beber das veias de sua amada como Sophie comandara, mesmo com a insaciável sede de sangue que estava.

– Olha só quem acordou. Este é o momento perfeito, John. Beba o sangue dela! – Sophie comandou.

– John, o que, o que está acontecendo? – Lena interrompeu, assustada.

– Eu, eu... – John estava sem reação, não sabia o que fazer. Este era provavelmente o momento mais apavorante de toda a sua vida, e nenhuma das duas facilitou.

– Como sua criadora, eu te comando: beba o sangue dela! – Sophie comandou, com mais determinação desta vez. E como numa espécie de compulsão, John rapidamente libertou suas presas e as cravou no pescoço de Lena, que mal conseguia gritar de dor devido a perda de sangue de outrora. – Isto mesmo, querido. Beba, até que ela morra! – Sophie acrescentou, deliciando-se com aquele momento.

DIAS ATUAIS...

O Clark's estava quase vazio. Depois da grande briga que ocorrera no restaurante mais cedo, os clientes praticamente fugiram. Dennis estava em seu escritório – um pouco mais sóbrio agora, com suas mãos sujas de sangue – refletindo sobre o que fizera com o garoto mais cedo. De repente, Sarah entrou no escritório para conversar com ele.

– Oi, Dennis. Só pra avisar: Eu, Jim e Melissa limpamos um pouco daquela bagunça mas, não conseguimos tirar todo o, sangue do chão. E já passou da minha hora de ir embora, então...

– Pode ir, eu limpo isso depois! – Dennis respondeu, com uma garrafa de uísque na mão. Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, mas Sarah, sendo compassiva como era, decidiu prosseguir com o assunto para tentar desvendar o por que de todo o ódio que seu chefe demonstrou no restaurante, hoje mais cedo.

– O que foi que aconteceu hoje, Dennis? Eu sei que não tenho o direito de perguntar, mas eu nunca vi você reagir daquele jeito, assustou a todos.

– Eu não costumo agir desse jeito. Mas, não sei, me descontrolei hoje. Talvez por que acabei bebendo demais.

– Ninguém faz algo como aquilo sem motivo. Quero dizer, não estou reclamando, pois afinal, aquele garoto mereceu cada soco que levou. Mas, estou preocupada com você. Pode confiar em mim, você pode me contar o que houve. – Disse Sarah, sorrindo a fim de demonstrar compaixão e fazer Dennis se abrir.

– Bom, hoje à tarde, eu recebi uma carta do meu primo Mike dizendo que meus pais adotivos faleceram ontem à noite num acidente de carro.

– Oh, meu Deus! Por que você não me contou? Eu ficaria mais que feliz em ter ido com você no funeral.

– Pois é, eu não fui no funeral.

– O que? Por que não?

– Sarah, a minha relação com meus pais adotivos era muito complicada, eu não vou contar tudo pra você, mas apenas saiba que, foi muito difícil. Eu não sabia se ficava triste ou feliz pela morte deles, então resolvi beber para acabar com a culpa. Pareceu o certo a se fazer.

Sarah abraçou Dennis, demonstrando compreensividade com o sofrimento dele. Em seguida, ela cuidou de seus ferimentos nas mãos.

No dia seguinte, após o funeral de Darlene, todos estavam prestando suas condolências na casa da falecida. Kevin estava no quarto, refletindo sobre o acontecido. Era muito deprimente para ele ter que ouvir os pêsames de pessoas que no fundo não se importavam com sua dor. Todos os amigos dele, inclusive Dean, que no momento não estava totalmente de bem com Kevin, deram seus pêsames. De repente, Kevin ouviu alguém bater na porta.

– Pode entrar! – Ele exclamou.

– Oi, Kevin. – Disse Carrie, a mãe de Kevin, que há recém chegara de uma longa viagem.

– Mãe? O que você está fazendo aqui?! Você não tem o direito de vir até aqui!

– Eu sei, eu sei. E sinto muito, mas ela era minha mãe e eu tinha que demonstrar compaixão por ela, mas principalmente, por você! Eu sinto muito, Kevin, eu realmente sinto. – Carrie respondeu, lacrimejando.

– Isto não é o suficiente. – Kevin respondeu. Em seguida, saiu do quarto e deixou sua mãe sozinha ali.

Ao descer as escadas, Kevin avistou o xerife Gregory Melnick e o oficial Alan Fort, que após o ocorrido da noite passada, estavam querendo interroga-lo. Ele então, tratou logo de sair de casa, onde não fosse visto por eles. Porém, ao sair da casa, Gregory e Alan abriram a porta da frente e chamaram a atenção de Kevin para conversar com ele.

– O que é que vocês querem?! – Kevin perguntou, irritado.

– Olha, Kevin. Eu sei que este momento é difícil pra você, mas...

– Por favor, xerife. Me poupe do discurso! Eu sei que vocês querem me interrogar pelo assassinato, mas deixe-me esclarecer uma coisa: eu não matei a minha avó! – Keviu ressaltou.

– Nós encontramos suas digitais na faca utilizada no crime, acho que isto é o bastante para complicar as coisas pra você, garoto! – Disse Alan, rudemente.

– Kevin, eu conheço você desde criança. Sinceramente, eu não acho que você tenha matado Darlene, mas as suas digitais estavam na faca! – O xerife acrescentou.

– Eu estava desesperado, ok? Não sabia o que fazer, então peguei a faca que estava cravada no peito dela e joguei para o outro lado!

– Bem conveniente pra você, não é Kevin? – Perguntou Alan.

– O que é que você está insinuando, Alan?!

– Olha, obviamente não vamos te interrogar logo hoje no dia do funeral de sua avó. Mas precisamos que você compareça ao Truman's Police Precinct amanhã à tarde, tudo bem pra você? – O xerife perguntou.

– Tudo bem, tanto faz. Posso ir agora?

– Tudo bem, Kevin. Nos vemos amanhã.

Kevin saiu andando – ainda com suas muletas – e entrou em sua caminhonete para dar o fora dali, tudo que precisava era beber um pouco para espairecer.

Algumas horas depois, já à noite, Kevin ainda estava dirigindo. Logo após sair de sua casa, resolveu comprar uma garrafa de uísque num posto de conveniência no meio da estrada para beber na caminhonete. Já estava bêbado a esta hora, e mesmo assim estava dirigindo, mal conseguia manter os olhos na estrada.

De repente, avistou algo no meio da rua que apareceu subitamente. Tinha garras, olhos pretos, o rosto desfigurado e todos os dentes afiados, parecia ter saído de um filme de terror. Kevin, bêbado, assustou-se com o que viu e perdeu o controle da direção. Ao virar o volante para a sua esquerda, a caminhonete de Kevin caiu ladeira abaixo em meio a um monte de árvores até que, bateu no tronco de uma. Kevin ficou inconsciente.

A visão de Kevin estava completamente embaçada naquele instante. Não conseguia ver muita coisa. Porém, ao olhar para um dos vidros retrovisores, avistou alguém aproximando-se de sua caminhonete, ele assustou-se. Mas antes que pudesse realizar qualquer movimento, Kevin desmaiou.


CONTINUA...

PRODUZIDO POR UNBROKEN PRODUCTIONS ESCRITO POR RAFAEL CRUZ UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES © 2015 Bloodlust – Todos os direitos reservados.

Nenhum comentário :

Postar um comentário



Por: Rafael Galvão