CENA 01 – APARTAMENTO DE TORI/KATE – SALA – INT – NOITE
Mark e Jared abrem a porta, liberando o barulho de terror.
JARED – O que raios foi isso?
MARK – Nada demais, Tori é paranoica com o Halloween.
As luzes apagam.
JARED – Gente, para com isso. Ainda estou traumatizado por causa do filme.
Uma vela é acesa e o rosto de Tori fica iluminado.
TORI – Bem-vindos a noite mais assustadora de suas vidas.
Tori caminha em passos pausados até Mark e Jared.
TORI – Escolham um assento ao lado da fogueira. Iniciaremos nossa sessão de terror em breve.
MARK – Tori, nós moramos num apartamento, não podemos acender fogueira.
TORI – Droga! Natalie!
Natalie acende as luzes do apartamento. Tori apaga a vela.
JARED – Ai graças a Deus!
TORI – Eu estava indo muito bem. Vem cá, já temos Derek, Natalie, Você e Mark. Onde estão Kate e Nicholas?
JARED – Como é que eu vou saber?
As luzes do prédio apagam geral. Um barulho de trovão bastante alto é ouvido e assusta todos os seis. Algumas velas se acendem sozinhas e há uma batida forte na porta.
JARED – Ai meu Jesus cristinho...
NATALIE – Quem é?!
TORI – Você enlouqueceu? Quando alguém bate em sua porta numa noite de Halloween como essa, nunca se pergunta quem é!
KATE (do lado de fora) – Tori, abre a porta, minha chave quebrou aqui.
TORI – Já estou indo.
Tori aproxima-se da porta e quando abre, não há ninguém lá.
MARK – Ué.
Kate liga a sua lanterna e quase cega a todos.
KATE – Desculpem-me por chegar atrasada. Nick não pôde vir. Então, quem está preparado para uma noite de Halloween daquelas?
Todos comemoram, exceto por Jared.
JARED – Pai nosso que estais no céu.
Natalie sussurra no ouvido de Jared.
NATALIE (sussurrando) – Em Livrai-nos do Mal, isso aí não funcionou.
A câmera dá um close no rosto pálido de Jared.
CENA 02 – APARTAMENTO DE TORI/KATE – SALA – INT – NOITE
Todos estão sentados no chão, formando um círculo.
TORI – Bom, eu vou explicar como vai funcionar o jogo. Cada um de nós terá que tirar um papelzinho de dentro da abóbora e contar uma história de terror com o conteúdo deste papel. A vez de cada um será determinada pelo castiçal com a vela que eu estou segurando no momento, o que significa que eu serei a primeira. Prestem atenção.
Tori ergue a mão e pega um pedaço de papel.
TORI (lendo para si mesma) – Passos à noite.
TORI – Uuuh, este é o meu favorito.
Tori acende o abajur de luz fraca.
TORI – Submeto à aprovação da Sociedade da Meia-Noite, a história que eu chamo de: “O conto do rapaz apessoado”.
Tori cola o seu papel no abajur e apaga a luz dele, ficando com o castiçal em mãos.
Tori começa a narrar a sua história
SONOPLASTIA: NARRAÇÃO DE TORI
Michael era um rapaz apessoado, que sempre gostava de fazer o bem, não importava a quem. Ele era daquelas pessoas que acordava numa manhã de segunda-feira, pronto para encarar o dia com um grande sorriso na cara.
Mas nem tudo eram flores na vida de Michael.
Apesar de ser de bem com a vida, Michael vivia numa casa de campo que seu avô deixara para ele em seu leito de morte. Como ainda eram os anos 60, histórias de fantasmas não deixavam de percorrer a língua dos moradores da vizinhança. Michael nunca acreditou nisso, o que era uma pena, pois poderia ter evitado o que lhe estava prestes a acontecer.
Certo dia, Michael chegou em sua casa já era noite. Ele entrou em seu quarto, tirou o seu macacão e andou desnudo por sua casa, como sempre gostara de fazer. Michael se encaminhou para o seu banheiro, onde havia um balde com água e uma vasilha para despejar em si, como ele sempre separava pela manhã, para que à noite, a água não ficasse tão fria e nem tão quente. Michael acendeu a vela dentro do se banheiro e observou-se no espelho. Ele não era tão bonito, mas nunca se importou realmente com isso. Por um instante, Michael pensou ter visto uma mulher ao longe, no reflexo de seu espelho, mas ele ignorou isso.
Michael foi se banhar. Alguns passos podiam ser ouvidos no teto sobre Michael, mas ele ignorou os barulhos, afinal, sua casa de campo era antiga e rangia o tempo inteiro. Assim que terminou, Michael se secou e vestiu seu pijama, que estava pendurado no cabide da porta. Mas Michael não havia deixado o pijama ali, ao menos, não que ele se lembrasse.
Michael subiu as escadas e foi em direção ao seu quarto. Ele deitou-se na cama e enrolou-se com sua coberta de lã – último legado que sua mãe deixou para ele – onde pregou os olhos bem depressa.
Horas depois, de súbito, Michael acordou com pisadas fortes abaixo de si. Ele agarrou sua espingarda – embora ele não tivesse lembrado de deixar ali – e desceu as escadas de pijama. A luz da vela confundia um pouco a visão de Michael, mas era suficiente. Ele viu. Ele viu aquela criatura horrenda de corpo de gente e cabeça de animal, e ele atirou. Ele atirou uma vez. Duas vezes. Três. Os vizinhos faziam arruaça. Michael não sabia o que fazer. Sua arma descarregou. A criatura avançou em cima dele com um rugido alto. Os vizinhos abriram a porta, mas somente encontraram o pijama e a espingarda largados no chão.
FIM DA SONOPLASTIA
Todos olham para Tori, pasmos.
MARK – Armaria.
DEREK – Olha gente, eu queria dizer que vou dormir aqui hoje tá...
TORI – Relaxem, eu peguei um tema ruim.
KATE – Qual era?
TORI – Passos à noite.
JARED – Você fez isso tudo de “Passos à noite?”. O que você fazia na infância? Derretia a cabeça das bonecas?!
MARK – Sim. E ela conversava com os destroços. Era muito macabro, na realidade.
TORI – Você que é um marica.
DEREK – Certo, eu vou agora.
Derek pega o pedaço de papel na abóbora e lê.
DEREK (lendo para si mesmo) – Brinquedos
DEREK – Massa! Eu conheço uma das boas!
NATALIE – Vai em frente. Imagino até que história é.
DEREK – A história que eu vou lhes contar é real. Submeto à aprovação da Sociedade da Meia-Noite, a história que eu chamo de “O conto do boneco possuído”.
SONOPLASTIA: NARRAÇÃO DE DEREK.
FIM DA SONOPLASTIA
NATALIE – Tinha sim. Era de ferro e tinha umas inscrições em português.
TORI – Eu hein. O Brasil é um país estranho.
DEREK – Eu pesquisei na internet no dia seguinte. A tal estaca, alguns anos depois, foi substituída por um suporte de plástico por conta das lendas rodeando o boneco.
JARED – Mark, me lembre de jogar todos os meus bonecos fora.
MARK – Pode deixar.
KATE – Eu quero ir agora!
Kate repete os passos de Tori e Derek, pegando o papel da abóbora e colando-o no abajur depois de lê-lo.
KATE (lendo para si mesma) – Estradas desertas.
KATE – Submeto à aprovação da Sociedade da Meia-Noite, a história que eu irei chamar de “O conto dos irmãos Bennett”.
JARED – Tá de sacanagem, né?
KATE – Silêncio!
SONOPLASTIA: NARRAÇÃO DE KATE
Eles sempre costumavam andar de bicicleta à noite, pois tinham bem menos ciclistas. A cidade em que eles moravam era bem cuidada, sabe? Haviam mais pedestres que carros e mais ciclovias do que estradas, e por essa razão, era sempre cheia de bicicletas em todos os cantos.
Enquanto atravessavam a reserva, Ginny reclamou de estar cansada e parou para respirar um pouco. Ela ofegava e conseguia enxergar sua respiração. Jeremy ficou preocupado com a irmã, mas como já estavam quase no final do caminho, ele a convenceu de continuarem o seu trajeto. Uns dez minutos mais tarde, eles finalmente terminaram a travessia e encontraram a estrada que os levaria de volta à cidade. Jeremy desceu a colina da reserva a todo vapor, e Ginny, perdendo o controle, caiu da bicicleta e despencou de dois metros no chão. “Você está bem?” Ele perguntou à ela. Ginny olhava seu braço sangrar. Um carro preto estacionou na estrada.
“Ei, vocês precisam de uma carona?” Falou um homem simpático. Jeremy assentiu com a cabeça, mas Ginny pediu por ajuda. O homem abriu a porta do carro e os dois entraram no banco de trás. “Você pode me levar à um hospital?” Ginny perguntava, aflita, enquanto Jeremy contraía um pano em seu machucado. O homem achou uma boa ideia e continuou a dirigir. O tempo passava. Começava a chover. A estrada estava cada vez mais difícil de ser vista. Depois de alguns bons minutos, o carro parou em cima de trilhos de trem. “Não é perigoso parar o carro aqui? Não tem medo de morrer?”, Jeremy perguntou. “Eu tinha quando estava vivo”, o homem lhe respondeu. O carro sumiu, o barulho de um trem era ouvido e os dois irmãos nunca mais foram vistos.
FIM DA SONOPLASTIA
KATE – O quê? Eu achei ruinzinha.
TORI – É... Você poderia ter sido melhor.
DEREK – Bom, faltam Natalie, Jared e Mark. Quem quer ir agora?
A campainha toca.
MARK – Aê, a pizza chegou!
Mark vai atender a porta.
NATALIE – Tudo bem, eu vou, mas vou logo avisando, sou péssima nisso.
TORI – Se você é péssima então vamos passar para outra pessoa.
NATALIE – Derek, como é aquele insulto mesmo?
DEREK – Jumenta.
NATALIE – Jumenta!
Jared pega um pedaço de papel e o lê.
JARED (lendo em voz alta) – Lenda urbana. Pode ser qualquer uma?
TORI – Claro, você é quem manda.
Jared cola o papel no abajur e o desliga.
JARED – Submeto à aprovação da Sociedade da Meia-Noite, a história que eu irei chamar de... “O Conto do Homem Esguio”.
SONOPLASTIA: NARRAÇÃO DE JARED
FIM DA SONOPLASTIA
TORI – Nossa.
NATALIE – Jared, você conta uma história dessas e está com medo das nossas?
DEREK – Pessoal, onde está o Mark?
Um trovão e um relâmpago surgem ao mesmo tempo.
A luz do relâmpago ilumina o apartamento inteiro por dois segundos.
Todos olham para a varanda.
O Slender Man está lá.
A porta do apartamento bate rapidamente. As luzes voltam a se acender.
KATE – Ok, mais alguém viu isso?
TORI – Eu acho que sim. Kate, vai procurar sal.
DEREK – Sal?
TORI – É, sal! Nunca viu Supernatural não?
JARED – Gente...
Jared aponta para o chão, onde há mechas de cabelo loiro e um rastro vermelho.
TORI – Gente, o forninho caiu!
CONTINUA...
EPISÓDIO 2X06 - A SOCIEDADE DA MEIA NOITE
CÓDIGO DE PRODUÇÃO: #WH097
ELENCO PRINCIPAL:
YVONNE STRAHOVSKI COMO KATHERINE “KATE”
RACHEL BILSON COMO VICTORIA “TORI”
ZACHARY LEVI COMO MARK
JOSEPH MORGAN COMO JARED
WILSON BETHEL COMO DEREK
CANDICE ACCOLA COMO NATALIE
ESCRITO POR:
WALTER HUGO
SUPERVISÃO:
DOUGLAS SOUZA
MOONLIGHT PICTURES
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
