C.E.C.A.
– Sala de Josh – Manhã.
[Josh
está em pé frente à mesa, segurando um arquivo na mão direita e segurando o
telefone ao ouvido com a mão esquerda.]
Josh:
Sim, eu recebi e analisei.
- Então, a CIA está totalmente ocupada
com o caso do governo, mais de trinta agentes no mundo todo em prol do projeto.
Josh:
Me poupe, Edmundo. Sabe quantas vezes conseguimos uma folga?
Edmundo:
Josh, eu sei que sua equipe inteira ganhou folga, mas o que custa uma última
missão? Se saíram bem nas últimas.
Josh:
Disse certo, “últimas”. Nós paramos por aqui, Ed. Mas voltamos em breve, mais
maduros, acredite. [Ele coloca o
telefone no gancho, desligando-o. Olha no arquivo, escrito “Caso Nora”.] A
lo hecho, pecho. [Abre a gaveta, sorridente,
coloca o arquivo e fecha]
20 Anos Depois...
School Mrs. Hardson – Sala de Aula – Manhã.
[Lerry
e Opp – alunos – cochicham entre si]
Opp:
Quem é mesmo a sua mãe?
Lerry:
Violla Water, Opp, eu já disse.
Opp:
Ouvi boatos de que ela era agente de uma organização secreta.
Lerry:
Cara, isso foi há muito tempo atrás, tipo, tá ligado, bicha. Eu nem era
nascido, tava divando no ventre da minha mãe.
Opp:
Hum... [Pensativo] Okay. Ei, estão
dizendo na escola que um aluno assumiu ser homossexual.
Lerry:
Já estou sabendo, flor.
Opp:
E aí, você sabe quem é?
Lerry:
Cara, só te conto se você me der um beijo
Opp:
[Disfarçando] Mereço mesmo, viu.
Cemitério
New Fall – Enterro – Manhã.
[Há
um caixão no centro e pessoas velando ao redor, inclusive Drew – filho de
Nicki]
- Quem é o morto? [Diz alguém que, se aproximando, pergunta à Drew]
Drew:
[Bêbado] É esse aí que tá deitado.
-
[Debochando] Ih, mas é bobo mesmo, viu?! Você
é jovem bebeu demais. Não devia fazer isso. Lembre-se de que todos os anos
centenas de brasileiros morrem devido ao álcool.
Drew:
[Soluçando] Isso é problema de vocês, hic! Eu sou
português. [Chorando] Não preciso
disso, viu? O meu pai já foi alguém na vida, a-g-e-n-t-e, com J de goiaba.
Apartamento
de Nina – Manhã.
[Nina
– filha de Amber – entra, eufórica, jogando o jaleco em cima da estante e
sentando no sofá]
Nina:
[Chamando] Manhê! A senhora está aí? [Silêncio] Droga... [Uma
vozinha que existe dentro de sua consciência conversa]
— Doutora Nina! Fazer sexo com pacientes
não é correto nem ético.
[Outra
vozinha interna, do outro lado, tenta amenizar.]
— Não se preocupe com isso, Doutora Nina,
você não é a primeira a transar com um paciente e, certamente não será o
último.
[No
que a primeira voz retruca irritada]
[Gritando]
— Caralho, Nina. Se manca... Você é veterinária!
Nina
[Gritando/Chorando]: Eu odeio vocês, vozes do capeta!
[Peter
entra correndo]
Peter:
[Assustado] Que gritaria é essa, Nina?
Nina:
Droga, pai, por que não disse que estava aí!? Cadê a mamãe?
Peter:
Foi receber seguro desemprego.
Nina:
Um dia eu quero ser agente, tem vinte anos que deixaram esse joça e ainda
recebem salário.
Peter:
[Sentando] Recebemos pelo tempo que trabalhamos, enquanto estávamos
lá nem víamos cheiro de dinheiro.
Nina:
[Desconfiando] Uhum, tá...
Peter:
Tá fazendo o que com esse termômetro retal pendurado no ouvido?
Nina:
[Assustada] Droga! Algum cachorro saiu com uma
caneta minha enfiada no ânus!
Casa
de Rita – Manhã.
[Anita,
filha de Rita, está deitada no sofá, ouvindo música com o fone nos ouvidos.
Rita – já adulta – desce as escadas.]
Rita:
Anita, Seu Epaminondas tá no telefone fixo.
Anita:
Achei que estivesse no mercado.
Rita:
Engraçadinha... Ele quer falar com você sobre o emprego.
Anita:
Mãe, eu já disse que não vou trabalhar com esse negócio de entregar jornal.
Rita:
Mas filha, você começa entregando jornal e daqui uns dias é âncora do jornal do
canal 7.
Anita:
[Debochando] Nossa, que criatividade! Tudo haver,
né? [Tira os fones do ouvido] Mãe,
eu já te disse o que quero ser.
Rita:
Ah não, não me venha com essa história de cantora de rap estilo negão africano,
pelo amor de Deus, Anita.
Anita:
Não é rap negão, mãe. Eu tenho uma banda, com uma galera aí. Tem até um nome,
se quer saber. Se chama “Anita e os Vagalumes do Dente de Ouro”.
Rita:
[Debochando] Nossa! Que original, querida.
Anita:
É sério, mãe. Ouve nossa demo.
[Ela
põe um arquivo de áudio para tocar no celular, retirando o fone de ouvido do
aparelho]
- “O meu nome é Rita, então vê se não me
imita, quando eu te vejo, você grita, para com isso, filhote de cabrita. [Batida de rap]”
[Rita
aperta o “pause”]
Rita:
Okay, já deu. Nem vou comentar de novo que Seu Epaminondas ainda está na linha.
Anita:
[Bufando] Droga, mãe... [Diz
subindo a escada]
Pizzaria
– Noite – Lado Externo.
[Rita,
Peter, Amber, Violla, Josh e Nicki estão sentados do lado de fora, esperando
por pizza]
Violla:
Ah, qual é, gente, deixem de drama. Vinte anos atrás éramos nós os queridinhos
da C.E.C.A., os tchutchuquinhos da parada, tivemos uma adolescência que ninguém
nunca teve.
Peter:
Concordo, quantos pais não tem o desejo de ter filhos aventurados assim?
Nicki:
A pizza vai demorar?
Amber:
Mas mandar nossos filhos? Ah, não sei...
Violla:
Eles têm potencial, personalidade forte, são diferentes dos demais, assim como
fomos o dia, se não por que diabos a C.E.C.A. os escolheriam?
Rita:
Também tenho receio. Poxa, pessoal, olhem para trás, vinte anos atrás, as
drogas que passamos, as merdas que nos metemos, quase morrendo, recebendo
críticas negativas...
Josh:
[Cortando] Superando obstáculos, vencendo desafios, sendo os
maiorais, conquistando público, vencendo os que se dizem melhores. Por que não
deixar os filhos de vocês começarem uma nova história?
Nicki:
Gente, não é por nada, mas eu quero pizza.
Amber:
Pra você é fácil dizer, Josh, nunca saiu de dentro da C.E.C.A., ao contrário de
nós.
Josh:
Não só por isso. [Pausa] Pensem
assim, vocês podem ser os melhores possíveis, os filhos de vocês podem dar o
melhor deles, sempre vai haver gente querendo colocar pra baixo, haverá lutas,
haverá guerra, haverá novos mistérios, haverá casos não solucionados.
Violla:
E haverá uma nova família.
Peter:
E haverá união.
Amber:
E haverá amor.
Nicki:
E humor.
Rita:
Por que é isso que fomos e que eles serão, uma equipe.
[Eles
se entreolham]
Josh:
E é por isso que Lerry, Drew, Nina e Anita foram escolhidos, não por serem filhos
de vocês, mas por terem as características boas o suficiente para conseguir o
que conseguiram: trazer felicidade. E, então, o que e dizem?
Amber/Peter:
Aceitamos.
Violla:
Lógico que o Lerry está dentro. Super dentro.
Nicki:
Drew também está.
[Todos
olham para a Rita]
Josh:
Rita?!
Rita:
[Pensativa] Ah, não sei...
Josh:
Deixe de egoísmo. É hora de passar a sua história pra outro.
Rita:
[Suspira] Tudo bem. Anita está dentro.
[Todos
comemoram, aplaudindo e se abraçando]
Josh:
[Sorrindo] Eu sabia que concordariam, a essa altura os filhos
de vocês já foram “sequestrados”, entre aspas, por mascarados da C.E.C.A.
Rita:
[Surpresa] Josh?! Eu nem me despedi!
Amber:
E a Nina, coitada?!
Peter:
Diga que isso é mentira.
Josh:
“Às vezes, a única coisa que nos resta é abraçar o outro, e então... Dizer
adeus.” É de Gossip Girls, queridos.
Rita:
[Gritando] Filho duma mãe!
[Close
no rosto dos ex-agentes]
Localização
Desconhecida
C.E.C.A.
– Quarto escuro.
[Em
um quarto escuro, Anita, Drew, Lerry, Nina e um quinto integrante desconhecido
estão desacordados. A luz forte se acende sozinha, os acordando.]
Anita:
[Irritada] Mas que merda é essa?
[Lerry
grita ao ver os outros]
Lerry:
O que são vocês? Alienígenas?
Drew:
Cala a boca, bicha.
Nina:
Onde estamos?
Lerry:
Ora, onde estamos, tá cega agora, florzinha? Estamos num ambiente quadrado, sem
porta, nem janela.
Drew:
Presos.
Anita:
Escuta aqui, eu arregaço a cara de quem tá fazendo essa brincadeira idiota.
Lerry:
Eu tô chocada, juro, tenho nada haver com isso.
Nina:
E quem teria?
[Uma
voz ecoa]
- Boa noite, jovens. Bem vindos a
C.E.C.A. Espero que sejamos amigos daqui pra frente, por bem, ou por mal. [Pausa] Posso chama-los de agentes?
[Close
na feição de preocupação de cada um]
Na próxima Terça não perca um programa especial de despedida de IrRita.
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ESCRITO POR
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