O Assassinato de Victor Belmonte - S01E04 - Marcas Profundas.


"Marcas Profundas"


FADE IN:

CENA 1. INTERIOR. APARTAMENTO DE HELENA. SALA — NOITE
CAM se aproxima lentamente da porta. Ouve-se barulho da CAMPAINHA tocando. HELENA, 42 anos, cabelos castanhos e curtos, vestida de camisola, se aproxima à porta e a abre. É Melissa, de bolsa de lado e com os olhos inchados.
Reação surpresa de Helena.
HELENA — Melissa? Aconteceu alguma coisa?
Melissa não responde e acaba por abraçá-la, chorando.
HELENA — Querida, o que aconteceu? Acalme-se. Respira fundo, entre.
Melissa enxuga as lágrimas e entra, deixando Helena para trás, que fecha a porta.
Helena segue Melissa, à medida que vemos os detalhes do apartamento: bem organizado. Classe média.
HELENA — Sente-se
Melissa se senta no sofá assim como Helena.
HELENA — Agora me diga. Por que está aqui a essa hora? O que aconteceu? Você quer um copo d'água? Espera.
Helena se levanta e, em CORTES DESCONTÍNUOS, ela vai até à...
COZINHA, abre a geladeira, pega uma jarra de água, pega um copo no armário, enche, devolve a jarra à geladeira e, por fim, volta para à...
SALA, onde entrega o copo para Melissa, que o bebe e respira fundo. Helena se senta.
HELENA — Respire fundo, mantenha a calma. Agora me diga.
MELISSA — Desculpe por aparecer assim, sem avisar, detetive.
HELENA — Imagina, foi por isso que lhe dei meu endereço, lembra?
MELISSA — Sim, mas... Tão tarde...
HELENA — Não importa.
Instantes até que Melissa prossiga.
MELISSA — Sabe aquele teste de gravidez que a senhora achou no piso do meu quarto?
HELENA — Perfeitamente.
MELISSA — De fato, era meu.
HELENA — Eu bem sabia. Não quis me contar a verdade naquele momento, mas eu pude imaginar que aquilo tinha um significado forte pra você.
MELISSA — Sim. Estou grávida. A razão pela qual... (chora) Ele planejou tudo. A razão pela qual... Ele insistiu pra que eu me casasse com o Vicente, a contragosto.
HELENA — Você está falando do senhor Victor?
Ela balança a cabeça positivamente.
HELENA — E então?
MELISSA — Minha mãe fez parte de tudo isso, mas não porque queria, e sim por medo.
Helena pega nas mãos de Melissa.
HELENA — Querida, me diga. Não faça rodeios. Seja direta. Confie em mim.
Melissa respira fundo.
HELENA — Deixa eu ver se entendi... Você está grávida, seu tio queria que se casasse com o filho dele, você não queria... Porque está grávida? É isso? De outro homem?
Melissa balança a cabeça concordando.
HELENA (surpresa) — Marcelo?
MELISSA — Não!
HELENA — E então?
MELISSA — Estou... grávida... dele! Do morto! Do meu próprio tio!
CLOSE na reação assustada de Helena.
FADE OUT
LEGENDA: "24 horas antes..."
FADE IN:
CENA 2. INTERIOR. MANSÃO BELMONTE. ESCRITÓRIO DE VICTOR — NOITE
Abrimos essa cena com EFEITO de uma câmera fotográfica fotografando. A fotografia é de Victor, morto na poltrona e com a adaga enfiada na barriga.
POV de Helena
Vemos a janela fechada, o notebook sobre a mesa ao lado...
DE VOLTA À CENA
Helena, formalmente vestida para o trabalho, luvas nas mãos, segurando uma máquina fotográfica, analisa o local ao lado de dois policiais.
Alencar, um dos policiais, se aproxima.
ALENCAR — E então, detetive?
HELENA — Teatral. Não há quem diga que isso aqui foi de modo abrupto. Esse assassinato, além de ter sido premeditado, foi perfeitamente bem ensaiado. Aonde estão os outros?
ALENCAR — Lá na sala.
Helena olha para o corpo, mais uma vez.
HELENA — É incrível, não? A gente pensa que essas atrocidades nunca acontecem com gente famosa, como esse empresário.
Júlio, segundo policial, completa.
JÚLIO — É ainda mais assustador quando sabemos que ele tinha uma fábrica de bebidas. Ontem mesmo eu degustei uma bela garrafa de uísque da Belmonte bebidas.
HELENA — Nós pensamos que eles são amados. Mas, na verdade, essas pessoas têm mais inimigos que amigos.
Ela olha ao redor e pousa o olhar no aparelho de som, ali perto. Se aproxima, analisa, retira o pano sobre ele... Constata que está ligado. Aperta no botão, fazendo com que o CD rode.
VICTOR (gravação de CD) — ... É realmente complicado, meu caro amigo... Realmente.
O CD finaliza. CLOSE em Helena, curiosa.
HELENA — Uma gravação? Claro! Um álibi!
Helena se retira.
CORTA PARA:
CENA 3. INTERIOR. MANSÃO BELMONTE. SALA — NOITE
Melissa, chorosa, está sentada no sofá, ao lado de Marcelo, que tenta consolá-la, assim como Armani. Marta, preocupada, anda de um lado para o outro.
Helena desce as escadas com a máquina nas mãos e um pequeno bloco de papéis no bolso.
HELENA — Estão todos aqui?
ARMANI — Os que fizeram parte do jantar, sim.
HELENA — Ótimo. Poderiam vir comigo até à delegacia? Quero coletar informações. Vou inquirir cada um.
MARTA — Isso é realmente necessário? Hoje?
HELENA — Agora. Crucial.
Ela retira o bloco do bolso.
HELENA (lendo) — Não só vocês, mas como também os empregados. Inclusive Augusto, o mordomo.
CORTA PARA:
CENA 4. INTERIOR. DELEGACIA. SALA DE HELENA — NOITE
CLOSE no rosto de Augusto, nervoso.
AUGUSTO — Ele era uma boa pessoa.
ÂNGULO ABRE para revelar a sala bem organizada, Augusto sentado frente à mesa de Helena e a detetive a ouvi-lo.
HELENA — Soube que você foi a primeira pessoa que o viu morto.
AUGUSTO — Sim.
HELENA — A que horas mais ou menos?
AUGUSTO — Por volta das nove e quinze da noite. Eu sempre levava um copo de leite para ele, em seu escritório, nesse horário.
HELENA — Compreendo.
AUGUSTO — E então... Eu o vi.
FUSÃO PARA:
INÍCIO DE FLASHBACK
CENA 5. INT. MANSÃO BELMONTE. CORREDOR — NOITE
Augusto, levando uma bandeja com um copo de leite, se aproxima do escritório de Victor. Bate na porta. Não obtém resposta. Decide ENTRAR assim mesmo para o interior do...
ESCRITÓRIO, onde vê o corpo de Victor.
Ele larga a bandeja, que cai no chão e se espatifa.
AUGUSTO — Não! Meu Deus! Ele está morto!
Augusto sai correndo. CAM vai buscar o corpo inútil.
FUSÃO PARA:
FIM DO FLASHBACK
EM CONTINUAÇÃO À CENA 4, Helena responde os relatos de Augusto.
HELENA — O que fez depois?
AUGUSTO — Fui até à sala de jogos e chamei por dona Marta, seu Marcelo e senhorita Melissa.
HELENA — Estavam todos lá?
AUGUSTO — Sim.
HELENA — Qual foi a reação?
AUGUSTO — Seu Marcelo correu para o escritório e, em seguida, voltou correndo para afirmar o que eu havia dito.
HELENA — Posso imaginar.
AUGUSTO — Em seguida, eu liguei para o doutor Armani, que era o melhor amigo do falecido. Fazia poucas horas que ele havia se retirado.
HELENA — Ao término do jantar?
AUGUSTO — Não, eles foram para o escritório para que pudessem conversar.
HELENA — Como sabe?
AUGUSTO — Porque eu estive no local momentos antes do diálogo entre eles.
HELENA — Ouviu algo?
AUGUSTO — Não sou esse tipo de mordomo!
HELENA — Me perdoe pela inconveniência. Prossiga.
AUGUSTO — Doutor Armani veio. Eu, ele e Marcelo fomos ao escritório para ver o corpo.
FUSÃO PARA:
INÍCIO DE FLASHBACK:
CENA 6. INT. MANSÃO. ESCRITÓRIO — NOITE
Augusto, Marcelo e Armani presentes. Ambos abalados, vendo o corpo morto.
ARMANI — Liguem pra polícia!
AUGUSTO — Farei isso.
Augusto SAI.
MARCELO — Vou falar com Marta e Melissa, elas estão abaladas.
Marcelo SAI.
FUSÃO PARA:
FIM DO FLASHBACK
EM CONTINUAÇÃO À CENA 4, Augusto finaliza.
AUGUSTO — Liguei pra polícia.
HELENA — Disso eu sei. Algo para acrescentar?
AUGUSTO — Não, nada.
HELENA — Uma porta que você fechou, uma janela que você abriu...?
Augusto, caindo na armadilha, tenta se lembrar.
AUGUSTO — Houve a janela que o senhor Belmonte pediu pra que eu fechasse.
HELENA — E fechou?
AUGUSTO — Não, lembro-me que o doutor Armani tomou à frente e pediu pra que eu saísse.
HELENA — Apenas?
AUGUSTO — Apenas.
HELENA — Ótimo. Pode se retirar.
Augusto se levanta, porém olha para Helena.
AUGUSTO — Sei que sou o principal suspeito, afinal eu relato que encontrei o corpo. (ri) Como nos romances de Agatha Christie, se me permite a referência... Os mordomos sempre são suspeitos.
Ela sorri.
HELENA — Como nos romances de Agatha Christie... Os mordomos, mesmo sendo suspeitos, poucas vezes são os culpados. Não quero lhe dar esperanças por esse meu comentário, mas interprete como um calmante.
Ele vai embora.
CORTA PARA:
CENA 7. INT. DELEGACIA. SALA DE HELENA — NOITE
Essa cena segue em PLANO SEQUÊNCIA.
CLOSE em Melissa, abalada.
MELISSA — Eu o adorava. Não acho que ele tinha inimigos.
ÂNGULO ABRE para revelar o local e Helena, em pé, observando a suspeita.
CLOSE em Helena.
HELENA — Todos dizem a mesma coisa. Mas parece que não estão cem por cento certos. Há um motivo muito forte para ter sido morto. Em análise, não foi um suicídio, porque quem cometeria um suicídio daquela forma teatral?
CAM se afasta de Helena para revelar, agora, que quem está sendo inquirida é Marta.
MARTA (seca) — Eu também não acho que tenha sido suicídio. Primeiro porque Victor era orgulhoso demais pra isso. Segundo, porque ele amava a vida que tinha.
CAM se afasta de Marta e busca Helena, que está sentada, desta vez, atrás da mesa, fumando.
HELENA — As pessoas as quais eu inquiri me disseram que você era... o melhor amigo de Victor.
CAM busca Armani, sentado frente à mesa.
ARMANI — Sim.
CLOSE em Armani.
HELENA (O.S.) — Então, eu quero que me conte tudo o que sabia sobre Victor Belmonte, está ouvindo? Não me esconda nada.
ARMANI — Entendi. Bom, antes de morrer, Victor me fez uma revelação...
CAM, agora, vai buscar Helena, que já não está fumando, e de braços cruzados na cadeira.
HELENA — Você é motorista?
VLADIMIR (O.S.) — Sim.
ÂNGULO ABRE na HORIZONTAL para revelar Vladimir sentado de frente com Helena.
HELENA — Tinha uma boa relação com o falecido?
VLADIMIR — Trabalho pra ele há três anos. Então, sim.
CAM se aproxima, aos poucos, da detetive.
HELENA — Você não está sendo a primeira pessoa a quem eu digo isso, ouça: não minta. Me conte toda a verdade.
DIÓGENES (O.S.) — Quais foram suas conclusões?
CAM sai da detive e vai buscar a última pessoa frente à ela na mesa: o delegado Diógenes, 52 anos, formalmente vestido.
CAM para atrás dele, de modo que possamos vê-lo de costas e Helena, à sua frente.
HELENA — É um caso simplesmente complexo. Mas há algo que me intriga. E eu...
Ela se levanta.
HELENA — Não vou esperar até amanhã pra tirar conclusões sobre isso.
DIÓGENES — O que vai fazer, detetive?
HELENA — Você pode me acompanhar até à mansão Belmonte?
CORTA PARA:
CENA 8. INT. MANSÃO BELMONTE. ESCRITÓRIO — NOITE
PLANO DETALHE nas belas mãos de Helena segurando as maçanetas da janela.
HELENA (O.S.) — Está vendo?
ÂNGULO ABRE para revelá-la junto ao delegado Diógenes. O local já está mais calmo, sem o corpo. Helena abre a janela.
HELENA — A janela está aberta. O assassino não entrou pela porta e sim por aqui.
Daqui podemos ouvir a fala de Helena, na cena seguinte:
HELENA — Eu sei que minha presença aqui é um pouco incômoda...
CORTA PARA:
CENA 9. INT. MANSÃO. SALA — DIA
Melissa e Marta sentadas no sofá. Helena em pé, junto com Marcelo e Vladimir e, ao canto, Augusto, em sua posição de mordomo.
HELENA (continua) — ... Mas compreendam que aqui houve um assassinato, então não liguem se eu vasculhar os quartos e os pertences de ambos. Com suas permissões.
MARTA — Já que é necessário...
HELENA — Importantíssimo.
CORTA PARA:
CENA 10. EXT. MANSÃO. JARDINS — DIA
Melissa e Marta caminham juntas.
MELISSA — Mãe, não gosto nada da ideia dessa detetive revirando nossos quartos.
MARTA — Mas é necessário, filha. Houve um assassinato! Assassinato!
Marta ri, descontroladamente.
MELISSA — Pra você, isso é engraçado?
MARTA — No mínimo, inusitado. Mas quem diria que o pobre Victor iria ser morto ontem à noite?!
MELISSA — Pobre? De pobre, mãe, aquele homem não tinha nada.
Armani se aproxima das duas.
ARMANI — Bom dia!
MARTA (sorridente) — Bom dia, doutor Armani!
CORTA PARA:
CENA 11. INT. MANSÃO. QUARTO DE MELISSA — DIA
Helena, de luvas, analisa o local. Algo chama sua atenção. Ela se aproxima da mesinha ao lado da janela e encontra um aparelho de teste de gravidez jogado debaixo do móvel. A detive o pega.
PLANO DETALHE no teste que deu POSITIVO.
HELENA — Ela está grávida?!
Armani ENTRA.
ARMANI — Detetive?
Ela se assusta, porém se recompõe.
HELENA — Doutor Armani!
ARMANI — Interrompo?
HELENA — Não, entre. Estou apenas analisando.
ARMANI — Alguma coisa nova?
HELENA — Sim e muitas perguntas.
ARMANI — As quais não me dizem respeito.
HELENA — Não, doutor, pelo contrário. Sabe no que eu estava pensando? Já que o senhor era um amigo bem íntimo do falecido, bem que o senhor poderia me ajudar nas investigações, não?
ARMANI — Estou a dispor.
HELENA — Como esse teste de gravidez, que chamou minha atenção. É mais que comprovado que é da senhorita Melissa.
ARMANI — Ela está grávida?
HELENA — Não sabia?
ARMANI — Estou tão surpreso quanto você!
Helena começa a andar, atenta ao objeto nas mãos.
HELENA — O senhor Belmonte não lhe revelou nada sobre a sobrinha estar grávida?
ARMANI — Não.
Os olhos de Helena pousam na parede que a cama está encostada. Se aproxima. Analisa. Vê umas marcas de batidas.
HELENA — Veja só isso!
ARMANI — O quê?
Helena se agacha para investigar o piso e acaba encontrando arranhões. Se levanta.
HELENA — Há arranhões no piso, batidas na parede. Isso quer dizer que houve um movimento muito brusco sobre essa cama!
Armani ri.
ARMANI — Perdão, detetive, mas está se referindo a algum ato sexual?
HELENA — É uma hipótese. Ou uma briga.
Melissa e Marta ENTRAM.
MELISSA — O que vocês estão fazendo no meu quarto?
HELENA — Acho que já sabe. Mas, antes, poderia me responder uma coisa, senhorita Melissa? (mostrando o teste de gravidez) O que significa isso?
Melissa e Marta reagem assustadas.
MELISSA — Não faço a mínima ideia.
HELENA — É elementar que faça, afinal foi encontrado no piso do seu quarto.
MARTA — Isso não quer dizer que é dela!
HELENA — Bem colocado, dona Marta. Mas, talvez, seja.
MELISSA (segurando as lágrimas) — Juro. Por Deus. Que. Isso. Não. É. Meu!
HELENA — Tudo bem, então. Portanto, creio que possa me responder a razão pela qual há arranhões no piso, abaixo de sua cama, nos pés da cama... E na parede?
CLOSE em Melissa, apavorada.
MELISSA — Eu não sei! (grita) Eu não Sei!
MARTA — Calma! Mas pra que isso? Detetive, se eu bem me lembro, você está aqui apenas para investigar a morte do meu falecido cunhado, não?
HELENA — Exato. Mas as pistas podem estar em qualquer lugar.
Tensão. CLOSES ALTERNADOS entre todos presentes na cena.
CORTA PARA:
CENA 12. INT. MANSÃO. SALA — DIA
Melissa, ainda abalada, ao lado de Marta, sentadas no sofá. Marcelo, Armani e Helena em pé.
HELENA — Há coisas que eu descobri que podem muito bem levar a razão do assassinato. É um conjunto de sentimentos que cada um de vocês aqui, presentes nessa sala, poderia sentir. Como ódio, repulsa... Eu estou disposta a ouvir qualquer coisa, até mesmo uma revelação.
Helena retira do bolso um cartão com seu endereço.
HELENA — Portanto, se há algo que os aflige e que ainda não me contaram, sintam-se à vontade pra irem ao meu apartamento, a qualquer hora.
Ela se aproxima de Melissa, abre suas mãos, põe o cartão dentro e as fecha.
MARTA (P/Melissa) — Fique com isso. E, quanto aos outros, se quiserem meu endereço, já sabem onde encontrar. Ligar seria uma opção, mas eu apoio a ideia de que algo ao vivo, pessoalmente, soa muito mais verdadeiro que à distância.
Helena vai embora.
Daqui, já podemos ouvir o barulho do CHORO de Melissa e a fala de Helena, todos vindo da cena seguinte:
HELENA — Grávida do seu próprio tio?!
CORTA PARA:
CENA 13. INT. APARTAMENTO DE HELENA. SALA — NOITE
EM CONTINUAÇÃO À CENA 1, Melissa responde a pergunta de Helena. Mesmas posições.
LEGENDA: "Horas depois..."
MELISSA — É difícil pra mim e até vergonhoso, mas sim.
HELENA (chocada) — Mas... Como? Como isso aconteceu?
MELISSA — Ele... Estava bêbado... Isso foi há duas semanas atrás.
FUSÃO para:
INÍCIO DE FLASHBACK:
CENA 14. INT. MANSÃO. QUARTO DE MELISSA — NOITE
LEGENDA: "Duas semanas antes..."
Melissa, sentada na cama, quando Victor, bêbado, entra e fecha a porta.
Ela se levanta, assustada.
MELISSA — O que você está fazendo aqui, tio? Eu já te disse!
VICTOR — Cala boca!
Ele dá um tapa nela, que cai na cama. Victor sobe em cima dela, tampando sua boca.
VICTOR — Eu vou te dizer uma coisa, simples. Leve pro túmulo. Você é minha, entendeu? Só minha. Apenas minha.
Ele tira uma fita isolante do bolso e trata de colar na boca de Melissa, que grita, tentando se soltar. Ele trata de segurar seus braços e suas pernas, à medida que tira suas calças e sobe o vestido dela.
CLOSE no rosto de Melissa, que chora, tentando gritar, porém a fita abafando o som.
POV DE VICTOR
Ele segura os braços de Melissa, que se debate e começa a fazer o ato sexual, com agressividade, batendo a cama na parede.
DE VOLTA À CENA
PLANO DETALHE na parede, que começa a descascar com o forte impacto da madeira da cama.
CORTA PARA o PLANO DETALHE do piso, que ganha fortes arranhões do pé da cama, a medida que Victor se move, ferozmente.
FUSÃO PARA:
FIM DO FLASHBACK
EM CONTINUAÇÃO À CENA 13 que, por sua vez, dá continuidade à cena 1, Helena reage chocada.
HELENA — Meu Deus!
MELISSA (chorando) — Depois desse episódio terrível, eu procurei fazer um teste de gravidez, foi quando eu descobri. Essa é a razão pela qual ele queria que eu me casasse com o Vicente, para que nós ficássemos juntos, tivéssemos uma relação e que, por fim, dissessem que o filho que estou esperando seria de Vicente, e não dele... Do meu próprio tio!
HELENA — Sua mãe... sabe?
MELISSA (chorando) — Sabe. Mas, assim como eu, ela tem medo. Teve muito medo. Pra todo mundo, meu tio aparentava ser uma pessoa maravilhosa, mas ninguém... Absolutamente ninguém saberia a real face dele, o que acontecia ali, no interior daquela mansão, após todas as portas e janelas se fecharem...
CLOSES ALTERNADOS.
FADE OUT
FIM DO EPISÓDIO 

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Por: Rafael Galvão