BrookHaven - S01E11 - 1943


— Amanda, abra os seus olhos. – Diz uma voz suave, fazendo carinho na minha testa. – Está quase na hora da escola, vamos, abra os olhos.
Abro os meus olhos e encontro a imagem do meu pai, sentado na beirada da cama, me olhando enquanto me espreguiço suavemente – esse é meu jeito de dizer, na verdade meu cabelo estava tão ruim que eu parecia um macaco – e levanto da cama. Calço minha sandália e jogo o cabelo para trás.
Meu pai toma mais um gole da sua xícara de café quente e me cumprimenta com um aceno do rosto.
— A Ashley já está pronta. Você deveria fazer o mesmo, afinal, já tem 14 anos.
14? Minha mente está confusa. Num piscar de olhos, entendo tudo. Minha vida está passando diante da minha mente, estou numa época onde meu pai e minha mãe ainda estão juntos, numa época onde minha maior preocupação era acordar na hora certa para ir para o colégio.
POU!
O barulho de um tiro me desperta de volta para realidade. Por alguns minutos, fiquei completamente apagada do presente e viajei ao passado, vasculhando as entranhas da minha mente em busca de refúgio. Cassandra está acordada e com a faca nas mãos, Rick e eu também temos facas, mas inexplicavelmente, Robert está com uma arma, e acabou de atirar num dos mortos vivos que seguem em nossa direção.
Encho a minha mão com um pouco de sal que havia sobrado, e jogo em cima de Demetria, que desaparece no ar, fazendo os monstros caírem como pesos mortos no chão.
— Devemos ter mais ou menos trinta segundos antes que ela volte. Vamos!
Saímos daquela casa correndo o máximo que podemos. Não olhamos para trás. Estamos seguindo Robert na esperança que ele nos guie até uma saída, mas não temos muito tempo para ficar enrolando.
— Como diabos você fez aquilo? – Cassandra pergunta.
— Aquilo o quê?
— Sumir com a fantasma, como você conseguiu?
— Eu assisto muito Supernatural, sabe aquele seriado que você alegava ser do demônio? Então, é por causa dele que estamos sobrevivendo.
De repente, um estrondo. A cor do céu desaparece, tudo fica negro, a escuridão toma conta de BrookHaven na maior velocidade possível. Demetria voltou, e desta vez, ela estará pior do que nunca. Avisto uma mercearia e aponto. Desapareço.
Sou projetada em uma realidade alternativa. Mulheres com vestidos na altura do tornozelo, sapatilhas extremamente antigas e um guarda-chuva pequeno que suponho ser para proteger a pele delas da luz do sol.
Homens estão vestindo ternos e sapatos de couro preto ou macacões de mineraria, outros estão carregando sacos de milho ou alguma espécie de alimento para distribuir à população.
Paro de olhar para os lados e encaro duas crianças brincando a alguns metros de mim. Uma delas tem cabelo preto, a outra, tem cabelos loiros. Uma mulher de vestido preto está conversando com outra moça ao lado das crianças, e chora incansavelmente, provavelmente perdeu o marido. A menina de cabelos pretos dá um tabefe no menino loiro, e ele começa a chorar.
— Demetria, o que foi que conversamos? – Diz a mulher, com a voz soluçante.
Ando de costas até me virar para correr, mas esbarro em uma garotinha loira dos olhos azuis. Esbarro em Marion.
— Olá, Amanda.
— Marion, onde é que eu estou?
— MiddleVille, BrookHaven. 1943. Acompanhe-me, quero te contar uma história.
Marion e eu andamos pelas ruas areadas de Brook... MiddleVille. Passamos por crianças brincando com brinquedos de corda, de patinhos à violinistas, todos movidos a corda; mulheres pagando o leiteiro em sua carroça, homens carregando botijões de gás por todo o canto, até chegarmos numa pracinha totalmente cultivada, onde Marion compra dois algodões doces à um homem de macacão, e me dá um, e sentamos num banco de cimento.
— Isso é o que eu consigo me lembrar de BrookHaven. Naquela época não existia mal, era só mais uma cidade pacata dos Estados Unidos. Aquele menino que a Demetria bateu, costumava ser o meu irmão, sabe?
— O que houve?
— Depois de alguns dias, Demetria pegou uma faca na mercearia e foi brincar de tiro ao alvo com ele, só que ele era o alvo.
— Ele morreu?
— Não exatamente. Ele ficou em coma por um longo tempo, sofrendo em silêncio lá em casa. Meu irmão mais velho que tomava conta dele, nunca me deixou chegar perto. Robert era muito cuidadoso.
— Robert? Robert Campbell?
— É. Achei que você já teria descoberto por agora, mas enfim, essa não é a história que eu quero te contar.
— E qual é?
— Como BrookHaven realmente foi destruída.

PRODUZIDO POR
UNBROKEN PRODUCTIONS

ESCRITO POR
W. H. PIMENTEL

UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES

© 2015 BrookHaven – Todos os direitos reservados.

Nenhum comentário :

Postar um comentário



Por: Rafael Galvão