Engulo a frase
em seco. Era lógica a existência de Marion antes da destruição de BrookHaven,
só não achei que isto fosse uma coisa da qual ela tivesse vontade de
compartilhar.
— Certo, então
me conte.
— Tudo começou
depois que meu irmão mais novo foi esfaqueado por Demetria...
E então, Marion
passa a narrar a história:
Eu carreguei o corpo de Kevin por horas, pois não
tinha forças para carregá-lo sozinha, e ninguém sequer cogitou me ajudar. Todos
adoravam a preciosa Demetria. Assim que adentrei em casa, Robert me acudiu sem
pestanejar. Pegou Kevin nos braços e o depositou na cama. Ajudei-o trazendo os
materiais que Robert pedia para que pudesse cuidar de Kevin, até que ele me deu
a notícia. Não há mais nada a se fazer por Kevin a não ser aguardar que ele
acorde. Eu estava chocada com a fúria nos olhos dele, ele estava completamente
irritado, e queria a todo custo saber quem tinha feito aquilo, e eu contei.
Robert me agarrou pelo braço por todo o caminho de MiddleVille até bater na
porta da casa de Demetria. A mãe dela atendeu novamente aos choros, mas isso
não mais importaria. Robert me soltou e começou a gritar por Demetria dentro da
casa, e assim que ela apareceu, ele pegou-a pelo cabelo e jogou na parede. A
mãe dela tentou pará-lo, mas assim que ela encostou no ombro de Robert, ele
bateu a cabeça dela na parede e seu sangue jorrou em cima de mim. Demetria
estava ali, parada diante de mim, chorando, implorando por ajuda, enquanto eu
assistia meu irmão brincando de tiro ao alvo com ela repetidamente.
— E eu não fiz
nada. Fiquei parada lá, olhando a pobre garotinha morrer.
— Marion, eu...
Eu sinto muito. – Digo, num tom fraco.
— Eu ainda não
acabei.
Demetria e sua mãe estavam mortas diante de mim, e
Robert saiu de lá como se nada tivesse acontecido. O ano era 1943, e a polícia
não se importava com um homicídio visto que o país estava em guerra. Passou-se
um ano até que tudo começasse a voltar à tona. Numa terça-feira, meu irmão
passou a ver vultos dentro de casa, mas a princípio não se importou, apenas
acendia uma vela e rezava um pai-nosso todas às noites. Então, um dia eu
levantei da minha cama para tomar um copo de leite e a vi. Vi Demetria com uma
faca na mão e logo depois, enfiando-a no crânio de Kevin – que não sobreviveu –
e depois, vindo em minha direção, mas não para me atacar, para atacar Robert. A
fúria de Demetria, a Ira, causou um conjunto de efeitos sobrenaturais que
começaram apenas com trovões, e depois incêndios, até meu irmão sumir e me deixar
sozinha no mundo. Demetria o caçou por todo o estado, e quando finalmente o
encontrou, um terremoto supremo causou a destruição de BrookHaven. Nenhuma alma
escapou - exceto por uma bela criança que havia nascido uma semana antes, e foi
morar em Toledo -. E então, o estado inteiro foi destruído, e as almas dos
residentes são condenadas a uma vez por ano, vagar por vingança aqui. Todos os
anos, para que eu não morra, Robert tem que enviar sacrifícios para BrookHaven,
para que eu ainda possa existir, senão, Demetria me mata. Por isso que ela não
me confronta.
— Sinto
perguntar, mas quem era essa criança que escapou?
— A avó de seu
professor, Robert.
— O quê?
— Meu irmão
Robert era casado com uma moça chamada Patricia Campbell, e eles tiveram uma
filha, Lilian Campbell, que eventualmente, veio a ter um neto, chamado Robert
Campbell, em homenagem ao meu irmão. Este Robert é quem envia os sacrifícios
para cá.
— E por que ele
simplesmente não para?
— Se ele parar,
eu morro, mas Demetria não parará, e eventualmente, destruirá não só os Estados
Unidos, como o mundo inteiro.
— E quem pode
parar Demetria?
— Você.
PRODUZIDO POR
UNBROKEN PRODUCTIONS
ESCRITO POR
W. H. PIMENTEL
UNBROKEN PRODUCTIONS SERIES
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